BAFICI #3

Sons of Ramses, de Clément Cogitore

Merece créditos por ter uma estética interessante mesmo se passando boa parte em ambientes escuros, mas o roteiro falha ao não conseguir encontrar um ponto de entrada para o espectador, o que faz com que a narrativa seja fria e distante sem necessidade. Mesmo ao tentar abordar a temática da imigração (assunto já fartamente explorado no cinema europeu contemporâneo) não vai além do óbvio.

Nota: 3/5

Perlimps, de Alê Abreu

Encantador em seu visual cheio de cores e vida, conta uma fábula alegórica que no início parece apenas sobre proteção ambiental, mas vai muito além ao tocar também em questões políticas e sociais. Ótima trilha sonora, muita diversificada nos diferentes ambientes onde a trama se passa, e com um desfecho memorável pela coerência narrativa.

Nota: 4/5

Afire, de Christian Petzold

Impressionante como é um filme que envolve completamente desde o início, mesmo quando ainda não sabemos exatamente qual história ele está querendo contar. Fico com a impressão de que o Petzold de certa forma conseguiu ir um passo além de seus últimos trabalhos. Não que este filme seja necessariamente melhor do que Phoenix, Transit e Undine, mas tem uma precisão na decupagem e uma segurança em sua condução que demostram um diretor no auge de sua técnica. É surpreendentemente bem humorado, tem um timing ótimo em certos “reactions shots”, e um desfecho que mostra que em nenhum momento o diretor teve dúvidas sobre o rumo da história, e também mostra sua capacidade de nos fazer importar com seus personagens. O melhor filme do BAFICI até agora.

Nota: 4/5

A Górgona, de Terence Fisher

O tempo jogou este filme em uma contradição: se por um lado seus melhores momentos são justamente as cenas que hoje parecem datadas e toscas, por outro, sua parte mais “universal” – que simplesmente conta uma história de investigação e suspense – pode até não até envelhecido, mas é tão esquecível que não faz diferença. É sempre bacana ver Peter Cushing e Christopher Lee juntos, mas ao contrário do que Terence Fisher fez em Drácula – uma atmosfera sombria e colorida ao mesmo tempo – aqui ele conduz a trama de forma mais mecânica, embora a trilha sonora tenha um charme evocativo típico de filme de terror.

Nota: 3/5

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